Repertório nordestino

Conheça o projeto que resgata características da arquitetura nordestina para uma residência no interior do Ceará
Co-escrito por Julia Nogueira e Laura Nogueira
2024-06-04
Foto: Instagram / @ofbrasilis

A região nordeste do Brasil se destaca por muitos aspectos culturais, entre eles, a arquitetura. Parte disso, se deve ao tempo em que Salvador (Bahia) era a capital do país durante a colonização, o que fez com que as técnicas aprendidas com os europeus se tornassem também parte da nossa cultura. Em meio a essa mescla, foi se criando um espaço muito rico para a reinvenção de espaços e ambientes. Logo, exaltar a geologia do entorno natural, surge como uma das grandes responsabilidades de projetar em uma das maiores regiões brasileiras.

Pensando nisso, desenvolvemos para o projeto ‘LIMOEIRO’, um conceito que não somente destacasse a efervescência cultural do Nordeste, como também respeitasse o bairro e o entorno em que a casa está localizada. O projeto partiu da premissa de valorizar a forma longitudinal do terreno. Com poucas paredes divisórias, queríamos que o interior se conectasse ao exterior assim que as esquadrias se abrissem, trazendo a tonalidade marrom do chão árido típica do bioma local, para dentro da casa através dos ladrilhos.

Os alpendres presentes no espaço, atuam como elementos conectores para as atividades do cotidiano, como por exemplo, para um descanso na rede ou até mesmo para um jogo de dominó entre familiares. Na área externa, optamos por texturas brancas e telhas vermelhas para melhorar a assimilação da casa vista de longe. Entre o conceito e concretização, a essência nordestina é transmitida em toda a estrutura concebida para essa construção.

Nossa inspiração: a arquitetura vernacular do Nordeste

Ao voltar o nosso olhar para a estética presente no cenário nordestino, podemos notar a influência da arquitetura vernacular nas construções da região. O conhecimento construtivo passado de pai para filho com influências coloniais são algumas das referências presentes nas arquiteturas dos interiores e capitais. Casas com pinturas coloridas, ladrilhos e alpendres se tornam parte deste cenário rico.

Em oposição a isso, as novas edificações trocam o excesso pela praticidade, e as linhas curvas pelas retas, passando a adotar o cobogó (criação nordestina) como algo decorativo e ao mesmo tempo luminotécnico.

Outra característica forte da região é a utilização do ladrilho e azulejos como elementos decorativos. Sendo primordialmente utilizado em barras decorativas, com o tempo ele passou a ser utilizado para cobrir paredes inteiras, pois, dessa maneira era possível trazer mais conforto térmico para as residências, que sofrem com as chuvas e ao mesmo tempo com a onda de calor da região.

Já no sertão nordestino, as casas de taipa de mão — também chamadas de pau a pique — ganham mais espaço entre as construções vernaculares residenciais que utilizam materiais encontrados localmente (barro, cipó e bambu) para executá-las.

De forma geral, trouxemos todos esses aspectos para exemplificar como a arquitetura nordestina é formada por uma profusão de materiais, formas e cores. Mas, mais do que isso, ela é a expressão material da história e da cultura dessa riquíssima região.

Veja as imagens do projeto, clicando aqui.

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