.png)
Os mobiliários elaborados por designers brasileiros desempenham um papel fundamental na valorização da cultura e da identidade artística do Brasil. Com uma rica diversidade de influências que vão desde as tradições indígenas até as correntes contemporâneas do cotidiano, o design de mobiliário sempre foi um campo aberto a criatividade.
Em 1947, por exemplo, Joaquim Tenreiro criou a Cadeira Três Pernas como forma de levar leveza aos lares brasileiros. Sendo um dos pioneiros do mobiliário moderno no Brasil, ele acreditava que a “leveza nada tem a ver com o peso em si, mas com a graciosidade e a funcionalidade dentro de seus espaços”.
A Cadeira Três Pernas foi desenvolvida a partir de ripas de madeira de lei, como a imbuia, o mogno e o pau-marfim, em todo o assento e encosto, onde as cores da madeira criam um contraste encantador com tonalidades diferentes. Apesar de possuir um visual que se autossustenta, a Cadeira pode ser combinada com outros móveis de madeira, como mesas laterais, mesas de centro, estantes e aparadores; tendo uma funcionalidade muito ampla.
Assim como o mobiliário de Joaquim, a Poltrona Paulistano, desenvolvida por Paulo Mendes da Rocha, possui uma estética muito flexível. Apesar de ter sido criada exclusivamente para o ginásio do Clube Paulistano, também projetado por Paulo, a Poltrona passou a ser vendida para outros fins e ambientes com o passar do tempo, sendo reconhecida mundialmente pelo seu design versátil. Feita a partir de uma barra moldada a frio com um único ponto de solda, Paulo projetou a Paulistano de modo inteligente, inovador e atemporal, para que ela pudesse assumir “novas caras” conforme o material das capas do assento fosse trocado. Hoje em dia, a poltrona faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Já a Cadeira MEIO-FIO desenvolvida pela arquiteta e designer Julia Nogueira sob o escritório OF BRASILIS, relembra o movimento popular brasileiro de conversar na calçada de casa próximo ao meio-fio da rua. Feita em três versões (madeira itaúba, madeira maciça em acabamento laqueado na cor verde palmeira e madeira maciça em acabamento laqueado na cor azul danúbio), a cadeira é elaborada a partir de três apoios com beirais laterais em evidência e pontas menores. Seu desenho é leve, simplificado e equilibrado com uma cadência entre linhas horizontais e verticais que trazem dinamismo à peça.
Mas o que essas peças têm em comum? Bom, todas elas obtiveram renome pela sua originalidade!
Em 1961, a Cadeira Três Pernas de Joaquim Tenreiro foi exposta no Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro como uma das criações mais importantes do design naquela década. Já em 1986, a Poltrona Paulistano venceu a primeira edição do Prêmio MCB do Museu da Casa Brasileira e em 2006, Paulo Mendes da Rocha recebia o famoso prêmio Pritzker de Arquitetura e uma consagração internacional pelo conjunto da sua obra. Saltando para 2024, a Cadeira MEIO-FIO elaborada pela designer Julia Nogueira, foi reconhecida com o Selo de Grande Prêmio da 26º Edição do Prêmio IABSP do Instituto de Arquitetos do Brasil por meio de voto popular e júri técnico.
Apesar de serem três mobiliários distintos entre si, a Cadeira Três Pernas, a Poltrona Paulistano e a Cadeira MEIO-FIO têm em comum a busca por uma estética que valoriza a simplicidade e a funcionalidade, características marcantes do design brasileiro. Todas essas peças refletem a criatividade e a inovação dos designers, utilizando formas geométricas e materiais que dialogam com a cultura local. Logo, essas cadeiras não são apenas móveis, mas também obras de arte que contam histórias e promovem a valorização do design nacional.
Se inscreva na nossa newsletter para receber outros textos e novidades, CLIQUE AQUI!
